segunda-feira, 31 de agosto de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
O GUARDADOR DE REBANHOS
- Sou um guardador de rebanhos
- O rebanho é os meus pensamentos
- E os meus pensamentos são todos sensações.
- Penso com os olhos e com os ouvidos
- E com as mãos e os pés
- E com o nariz e a boca.
- Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
- E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
- Por isso quando num dia de calor
- Me sinto triste de gozá-lo tanto.
- E me deito ao comprido na erva,
- E fecho os olhos quentes,
- Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
- Sei a verdade e sou feliz.
- Alberto Caeiro
Botar uns quadros novos na parede
Comprar uma samambaia
E pra varanda algumas flores e uma rede
Dar algumas roupas, reciclar livros e cd's.
Abrir janelas há tempo trancadas
Jogar algumas coisas velhas fora
Deixar o ar entrar para arejar a casa
Viver coisas novas.
Limpar o quintal
Pintar as escadas
Dar uma geral no hall de entrada
Abrir janelas há tempo trancadas
Jogar algumas coisas velhas fora
Deixar o ar entrar para arejar a casa
Viver coisas novas!
terça-feira, 25 de agosto de 2009
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
ou melhor, mais eu...
" Me dêem fórmulas certas, por que eu realmente espero acertar sempre. Me mostrem o que esperam de mim, por que não sei seguir sempre meu coração (nem sei o quanto seria seguro). Me façam ser quem não sou (há coisas que realmente quero mudar). Me convidem a ser igual, por que sinceramente sou muito diferente. Só sei amar pela metade, viver de mentira e voar de pés no chão. Não sou sempre eu mesma, mas com (não muita) certeza, serei a mesma pra sempre."
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
domingo, 16 de agosto de 2009
sábado, 15 de agosto de 2009
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Eu nunca mais vou voltar.
por Tati Bernardi
Eu prometi voltar mais magra, de cabelos longos. Prometi voltar agora dominando saltos altos e caríssimos. Sem medo do saltinho fino entrar em algum buraco da rua ou da vida. Jurei a mim mesma que voltaria sem essa mancha na minha bochecha direita e com um gosto melhor para calças jeans. Combinei que na minha volta eu estaria com a voz mais firme e sexy. E que eu jamais usaria decote porque voltaria mais elegante e mulher. Combinei que usaria um perfume diferente e uma postura diferente. Talvez eu chegasse com um carro novo e, com muita sorte, um novo amor. Talvez livre de todos os meus pêlos e dores no ombro e buraquinhos na bunda. Talvez livre de mim, afinal.
Em silêncio, finalmente. Aceitando quem eu sou, sem essas 345 mulheres que brigam aqui dentro da minha cabeça. Mais rica, mais segura, mais amada, mais viajada, mais feliz. Falando francês, falando sem as mãos estabanadas, falando sem medo das ruguinhas que formam no canto dos meus olhos. Falando sem acariciar frustrada uma zona irregular que separa minha cintura da perna. Eu voltaria mais redonda e mais magra, numa mistura que só quem é mulher entende. Eu calaria a boca de todos que levaram minha luz e me deixaram na escuridão. Melhor: eu cegaria os olhos desses com uma luz que eles não seriam capazes nem de chegar perto.
Dos amigos que sempre tiveram medo da minha verdade, quando deveriam, na verdade, ter medo da mentira que faz o mundo parecer tão fácil de se viver. E os faz parecer tão incríveis e eu tão estranha. Olha lá ela. Eles diriam. Quem é ela? Não parece mais ela. O cabelo tomou jeito. O pé não cai mais para dentro. O bumbum arrebitou. A voz é de seda e deixa tudo no mistério. Ela não se escancara mais. E assim eu voltaria. Sem precisar de ninguém, sem precisar de ombros, das mãos, do beijo, da aceitação e das respostas de ninguém.
Eu prometi voltar. Acordei todos os dias caminhando para essa volta. Me esfreguei no banho prometendo, esperando o dia em que eu trocaria de pele e sairia voando. Ouvi músicas e vi filmes de vitória, sonhando com o dia. Decorei falas, roupas, olhares, cheiros. Mas, infelizmente, isso nunca vai acontecer. Quanto mais eu me aproximo do que seria a minha volta, mais longe eu estou de querer voltar. Quanto mais eu me recupero do que doeu tanto, menos vontade eu tenho de causar dor em alguém. Esse desejo incontrolável de voltar é apenas a vida me dizendo para andar pra frente e não voltar nunca mais.