Há uma alegria tão grande dentro de mim que eu preciso
compartilhar com as pessoas. E queria compartilhar com você também.
Ontem à noite eu fui ao culto da MIRR... Lá estava um pastor
do Texas, acho, Roy Sandirford. Eu tinha levado até um livro na bolsa caso ele
começasse a falar de temas já bastante saturados dentro da igreja.
Mas não. Não sei se entendi, mas ele trabalha com jovens com
problemas e distúrbios provenientes de uma má estruturação familiar. Acho que
era isso. Não sei. Tanto faz. Ele começou a mostrar fotos e contar histórias de
pessoas que morreram por se sentirem infelizes consigo mesmas, envolvidas com
drogas, ou com transtornos como bulimia, etc.
Ele começou a mostrar que há muitos jovens com espírito de
rejeição, e outros com o de rebeldia. Mostrou a diferença dos dois espíritos. Não
lembro exatamente todas as características, mas lembro que enquanto os
rejeitados se sentiam extremamente tristes, deprimidos, com medo, os rebeldes
tinham um espírito amargo, suas atitudes já eram mais grosseiras, atacavam pra
se defender do sofrimento. Achei bastante interessante a separação e a
explicação de cada um. Só não achei
legal o fato de eu me encaixar nos dois perfis.
Foi então que o pastor Roy pediu para que a parte da frente
fosse separada em duas: na direita, viriam os jovens que estavam se sentindo
rejeitados, na esquerda, os rebeliados. Muita gente ficou sentada. Eu demorei a
levantar. Não sabia pra que lado ir. Mas vi depois que não importava, fui pra
qualquer um dos lados; a oração por mim ia ser feita de qualquer jeito.
É sempre um pouco [ou muito] vergonhoso assumir que você não
está bem. Eu tive muita vergonha de estar ali. Mas depois de conseguir ver mais
um pouco em quem eu havia me tornado, através da pregação dele, eu chorei
muito. Eu pedia perdão a Deus pelas minhas más atitudes, por ter machucado
tantas pessoas com minhas amarguras, e ainda estar machucando. Pedi a Deus pra
que isso acabasse, que eu me tornasse uma pessoa feliz. E chorava. O pastor ia
em cada um de nós e colocava a mão sobre a nossa cabeça. Ele demorou bastante
quando chegou em mim. E foi embora. Muitas pessoas não oravam sozinhas. Outras
que não se sentiam rejeitadas e rebeliadas foram orar junto com elas. Ninguém
veio orar comigo. Tudo bem, de verdade. Isso não me fez chorar mais. Eu só fiz
uma oração a Deus: “Deus, mais que uma oração agora, eu queria um abraço”.
Tentei lembrar a última vez que eu tinha recebido um abraço e não consegui. Eu
já estava levantando pra ir embora. O rosto tinha secado mais e não estava tão
vermelho. Então o pastor vem a mim de novo, se ajoelha ao meu lado e pergunta:
“Eu posso te dar um abraço?”. Netão traduzia o que ele dizia, mas nem era
preciso. Eu disse que sim e então ele me abraçou. E ele acariciava minha cabeça
como pai, me abraçava com carinho e eu apertava ele com força. E desatei a
chorar de novo. O pastor Roy dizia: “Chora. Põe isso tudo pra fora. Tá tudo
bem, agora. Calma. Deus está aqui e tá olhando pra você”.
Voltei pro meu lugar. Bruno veio atrás de mim, dizendo que queria me dar um texto bíblico. Salmo 32. Deus havia me perdoado.
Voltei pro meu lugar. Bruno veio atrás de mim, dizendo que queria me dar um texto bíblico. Salmo 32. Deus havia me perdoado.
Foi então que Marcela me viu também. Foi ela que me chamou
pra ir ao culto. E ela me abraçou. Me abraçava tão forte, tão forte, que eu
achava que ela ia me atravessar. E ela chorou no meu ombro. Mas chorava
agradecendo a Deus por eu estar ali. E ela orava por mim e falava coisas pra
mim ao mesmo tempo. “Sabe, Sara, não importa se você quebrou alguma coisa que
poderia ser valiosa, você é bem-vinda na casa do seu pai. (...) Lembra de Davi?
Quando ele teve que enfrentar o gigante? Esquece a armadura, Sara. Ela não é
sua. Ela não cabe em você. Deus tá do seu lado, ele é sua armadura”. E ela
dizia muito mais coisas, e chorava, e orava. Aquela Marcela louca, falava de
Deus pra mim. E quando acabou o culto ela me disse muito mais coisas.
Eu saí dali cansada fisicamente, mas tão leve
espiritualmente.
Sabe, pela primeira vez em muito tempo, eu me sinto bem. Não
me sinto só, mesmo quando estou só. Me sinto fortalecida. Deus tem falado muita
coisa comigo nessa semana, tem cuidado de mim de uma forma extraordinária. Eu
sinto ele tão perto que é como se eu pudesse ouvir a sua respiração. Mas há
ainda muita coisa a ser feita em mim, muita coisa a ser melhorada. Preciso me
tornar uma pessoa melhor pra mim e pra Deus, e não para as outras pessoas. Isso
pode parecer egoísta, mas descobri que não é. Porque é impossível amarmos e
sermos amado pelos outros se nós não somos amados por nós mesmos.
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